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terça-feira, junho 29, 2010

Bullying: na vida de adolescentes.

Nessa atualidade eis que surge mais uma nova palavra para nós, cujo idioma é a língua portuguesa – Bullying.
Da minha parte, ao ver a campanha criada contra o
bullying, pergunto eu: o que é bullying afinal de contas? Não diferente de milhares de outras pessoas sigo a pesquisar no google para descobrir. Assim, descubro que o bullying representa situações que na minha época da adolescência existia de forma igual – só não havia nome para definir, e, muito menos campanha para combater. Pois é, novos tempos!
Mas, detalhes sobre o significado do bullying fez despertar minha atenção para algo que somente a passagem do tempo nos mostra. Ou seja, muito do que li sobre a prática do bullying me fez lembrar da minha adolescência, principalmente, no colégio: lembrei que acontecia o bullying; lembrei de quem tinha por hábito praticar o bullying (não no sentido mais cruel); lembrei de quem era vítima do bullying etc.
O que acabou mexendo comigo, ao reviver tais lembranças, é saber que justamente os meus colegas (dois: para ser mais exata) que tinham a auto-estima mais elevada (uma característica dos bullies); que eram os que mais implicavam com todos: apelidando, passando trotes, etc; justamente esses meus dois colegas vieram a falecer depois de adultos (na faixa etária dos trinta e poucos anos).
Como a vida, depois do colégio, encaminha cada um para o seu canto, é muito estranho quando a notícia chega sobre a morte (cedo) de uma pessoa cujas lembranças são apenas de que tinham uma auto-estima muito elevada; de que eram brincalhões; corajosos; implicantes etc.
Então vem a questão: “fulano” morreu? Morreu de que? E aí vem a surpresa do motivo: havia problema de depressão; havia uso de drogas.
Lembro-me direitinho de um desses meus colegas, quando certa vez, dentro da sala de aula, gritou:
- A Sandra (no caso eu) ainda não tem apelido.
Quando escutei aquilo pensei: “xiiii... agora sobrou pra mim”. - o sobrou pra mim significa que ninguém quer ser mira desses “mais levados”.
Então, naquele momento, todos os alunos se voltaram para mim, meio que para identificar um apelido. Mas, ele mesmo criou o tal apelido e gritou para a turma toda ouvir (...) Foi um apelido muito dos sem graça, a turma toda caiu na gargalhada, e eu lá, a mira da vez - apelidada, entrei junto na gargalhada.
Agora, novos tempos, e, eis que surge campanha contra o bullying orientando para que quem esteja sendo vítima de bullies denunciar. Essa campanha, pelo que entendi, está sendo promovida por já ter acontecido alguns casos irreversíveis - assim sendo, evitar outros.
Mas tenha atenção para não se criar tempestade num copo d´água com situações que significa apenas o sentido do viver em sociedade, cujo início se dá justamente no colégio quando começa o convívio com as diferenças sociais e culturais.
No mais, a quem receber denúncia, tente não olhar apenas a dor de quem está se dizendo vítima. Tente, também, olhar para quem vem praticando o bullying. Pois, possivelmente, uma auto-estima elevada (ultrapassando o sentido normal), num adolescente, seja um jeito encontrado para esconder sérios conflitos. Ou seja, eles se demonstram tão bem resolvidos, que para eles é dado pouca, ou nenhuma atenção; chegando mesmo até a faltar carinho.
Enfim, talvez, o adolescente que pratica o
bullying seja o que menos tenha coragem de falar sobre suas dores: pais intolerantes e incompreensíveis demais; pais ausentes demais; sexualidade etc.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito interessante sua abordagem. Pois chama atenção para o outro lado da moeda. Na verdade mesmo, o "pobre coitado" é quem pratica. E é a nossa atitude (de educador) perante a situação do bullying que vai influenciar o futuro desses alunos.

Sandra Valeriote - em São José de Ubá disse...

Que bom ter sido “entendida”. Espero que outros, lendo, “entendam” como você.